“Eu deveria estar sendo julgado em primeira instância, assim como Lula foi. Se for adequado, a ação deve ser iniciada lá. Além disso, quem está sendo julgado precisa ser analisado pelo plenário – veja o caso do 8 de janeiro –, e meu julgamento não pode se limitar a gravações de vídeo; deve haver um debate”, afirmou.Bolsonaro também garantiu que sua defesa vai recorrer ao argumento de abuso de autoridade contra o ministro Alexandre de Moraes, referindo-se à oitiva de seu antigo ajudante, Mauro Cid. Ele relembrou que Moraes advertiu o tenente-coronel de que, se novas contradições surgissem durante seu depoimento, ele seria expulso da audiência, o acordo de colaboração seria cancelado e as investigações sobre seus familiares seriam retomadas.
O ex-presidente atribuiu à repercussão nas redes sociais o mérito por ter evitado uma prisão prolongada. Segundo ele, se não fosse pela ampla divulgação da denúncia e da delação, “eu já estaria preso há muito tempo”. Ele ressaltou que a defesa recebeu a denúncia há aproximadamente três dias e foi notificada com um prazo de quinze dias para se manifestar, prazo que considerou excessivo e repleto de imprecisões, afirmando que, sem as mídias sociais, sua situação seria irreversivelmente desfavorável. Ao comentar sobre a delação de Mauro Cid, Bolsonaro classificou as investigações como uma mera “pesca probatória” e demonstrou compaixão pelo ex-ajudante, dizendo:
— Eu sinto pena dele, o que ele está passando. Sempre o tratei como se fosse um filho, um membro da minha família, e o que ele sofre hoje beira uma verdadeira tortura.
A defesa do ex-presidente havia solicitado a ampliação do prazo de resposta à denúncia para 83 dias, alegando não ter acesso a todas as provas. Contudo, o pedido foi negado pelo ministro Moraes, que ressaltou que uma simples consulta aos autos comprova que a defesa teve amplo acesso às informações.
Bolsonaro também criticou a participação de Alexandre de Moraes em seu julgamento. Segundo a denúncia da PGR, o ministro estaria entre os alvos do suposto plano “Punhal Verde e Amarelo” – que visava o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do próprio Moraes – e teria obtido a aprovação do ex-presidente. “Claro que deveriam ser pessoas impedidas de me julgar, mas sabemos que o STF toma decisões de cunho político”, declarou.
O Plenário do STF já rejeitou um recurso da defesa de Bolsonaro que pedia a exclusão de Moraes das investigações, argumentando que o crime de tentativa de golpe de Estado atinge toda a coletividade, e não uma vítima isolada.
Durante a entrevista, Bolsonaro também chamou o 8 de janeiro de “farsa” e afirmou que, se estivesse no Brasil naquele dia, certamente estaria preso. Lembrando sua saída do país, ele comentou que deixou o Brasil em 30 de dezembro, pouco tempo após as eleições de 2022, viajando para os Estados Unidos.
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