O influenciador digital Hytalo Santos, de 28 anos, e o marido dele, Israel Natan Vicente, foram presos nesta sexta-feira (16) em Carapicuíba, na Região Metropolitana de São Paulo. A detenção ocorreu após determinação da Justiça da Paraíba, que apura indícios de tráfico humano e exploração sexual de menores. As ações investigativas estão em andamento nas cidades de João Pessoa e Bayeux, além de um inquérito conduzido pelo Ministério Público do Trabalho.

O nome de Hytalo ganhou destaque nacional depois de ser citado em um vídeo do youtuber Felipe Bressanim, conhecido como Felca, que abordou a chamada “adultização” de crianças nas redes sociais, tema que chegou a mobilizar parlamentares em Brasília. Após o caso ganhar repercussão, as autoridades intensificaram as diligências. Segundo a decisão do juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, da 2ª Vara da Comarca de Bayeux, havia risco de destruição de provas e tentativa de obstrução das investigações, o que motivou a expedição dos mandados de prisão temporária.

Em nota, o Ministério Público da Paraíba destacou que as apurações buscam garantir a proteção integral das vítimas, sobretudo crianças e adolescentes, e que todo o processo está sendo conduzido com rigor técnico. O órgão também reforçou que vazamentos de informações sigilosas e a divulgação precipitada de detalhes podem comprometer a segurança das vítimas e expô-las a novos riscos.

Defesa nega acusações e Justiça determina medidas severas

A defesa de Hytalo Santos afirma que o influenciador “sempre agiu dentro da lei” e que jamais explorou crianças ou adolescentes. Em manifestação enviada à imprensa, o paraibano ressaltou que os conteúdos com menores teriam sido gravados com a autorização e o acompanhamento de responsáveis. “Repudio categoricamente qualquer acusação de exploração de menores. Minha trajetória sempre foi guiada pela proteção e pelo respeito à infância”, declarou.

Apesar das alegações, a Justiça já havia autorizado anteriormente buscas na residência do influenciador em João Pessoa, resultando na apreensão de celulares, computadores e outros equipamentos utilizados nas gravações. No entanto, segundo relatos de testemunhas, Hytalo teria deixado o condomínio pouco antes da chegada da polícia, levando diversos aparelhos, o que reforçou a suspeita de obstrução. O juiz Adhailton Lacet Correia Porto, da 1ª Vara da Infância e Juventude de João Pessoa, determinou não apenas a apreensão de materiais eletrônicos, mas também a suspensão imediata dos perfis de Hytalo nas redes sociais, incluindo Instagram, TikTok e YouTube. Além disso, ordenou o afastamento de adolescentes do convívio com o influenciador, encaminhando o caso ao Conselho Tutelar para aplicação de medidas protetivas.

Na decisão, o magistrado ressaltou que os elementos reunidos demonstram uma situação de grave violação de direitos fundamentais, envolvendo possível exploração da imagem de adolescentes para monetização, exposição a conteúdos impróprios e até fornecimento de bebidas alcoólicas. Para ele, a busca por engajamento e lucro jamais pode se sobrepor à dignidade e à integridade física, psíquica e moral dos mais jovens.

Enquanto as investigações prosseguem, a defesa de Hytalo estuda ingressar com um pedido de habeas corpus, alegando ausência de acesso integral à decisão judicial. O caso segue em segredo de justiça, mas já provoca forte repercussão sobre os limites da exposição de menores em ambientes digitais.

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