O governo regional de Cartum confirmou nesta quarta-feira (26) que o número de vítimas fatais no acidente envolvendo um avião militar Antonov subiu para 46 mortos, além de 10 feridos. A tragédia ocorreu nos arredores da capital sudanesa e afetou tanto civis quanto militares, aumentando ainda mais a tensão em um país já devastado pela guerra.
A aeronave caiu em uma área residencial, causando explosões e danos significativos a imóveis próximos. O acidente gerou grande mobilização das equipes de resgate e das forças de segurança, que seguem trabalhando para entender as circunstâncias da queda.
De acordo com as autoridades locais, a queda do avião teria sido causada por uma falha técnica ocorrida logo após a decolagem. Uma fonte militar, que preferiu não se identificar, revelou à agência AFP que a aeronave partiu de uma base aérea estratégica do exército sudanês, mas não conseguiu permanecer no ar por muito tempo.
O avião caiu próximo à base aérea de Wadi Seidna, localizada em Omdurman, uma das maiores instalações militares do país, situada a noroeste da capital Cartum. Testemunhas relataram que, instantes antes do impacto, a aeronave perdeu altitude rapidamente e bateu violentamente contra o solo, seguido de uma forte explosão.
Após o choque, chamas se espalharam pela região, atingindo algumas residências próximas e provocando cortes de energia elétrica em bairros vizinhos. Moradores descreveram o momento como aterrorizante, com destroços espalhados e fumaça densa cobrindo a área.
Logo após o acidente, equipes de resgate foram acionadas e iniciaram a retirada de sobreviventes e corpos dos escombros. O Ministério da Saúde do Sudão divulgou um balanço inicial de 19 mortos, mas esse número foi atualizado para 46 vítimas fatais conforme as buscas avançaram.
Entre os 10 feridos confirmados, há crianças e militares que estavam a bordo da aeronave. Eles foram levados a hospitais da região, e alguns seguem em estado grave. As equipes médicas trabalham para prestar socorro, mas a infraestrutura hospitalar sudanesa enfrenta desafios devido ao conflito armado que assola o país.
O acidente acontece em um contexto de instabilidade extrema, com o Sudão mergulhado em um conflito brutal desde abril de 2023. A guerra civil envolve duas forças principais: o exército regular, comandado pelo general Abdel Fatah al Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), liderados pelo general Mohamed Hamdan Daglo.
A disputa pelo controle de Cartum tem transformado a região em um campo de batalhas intensas, forçando milhões de sudaneses a fugirem de suas casas. O país vive uma das piores crises humanitárias do mundo, com o colapso dos serviços básicos, escassez de alimentos e aumento da fome.
Impactos e repercussão internacional
A queda do avião militar levanta preocupações sobre a segurança das operações aéreas em um país onde a infraestrutura já está comprometida pela guerra. A tragédia ressalta as dificuldades logísticas e os riscos constantes enfrentados tanto por militares quanto por civis em meio ao conflito.
Organizações humanitárias internacionais alertam que a crise no Sudão continua se agravando, com milhões de pessoas deslocadas internamente e ameaçadas pela fome e pela violência. A instabilidade dificulta o envio de ajuda humanitária e a reconstrução do país, tornando a situação cada vez mais crítica.
As autoridades sudanesas seguem investigando as causas do acidente e trabalham para minimizar os impactos dessa tragédia. Enquanto isso, o Sudão permanece como epicentro de uma das maiores crises humanitárias da atualidade, onde cada nova tragédia se soma ao sofrimento de uma população já exausta pela guerra.