Velório De Arlindo Cruz Assusta a Todos Pelo Seu Formato De Guruf… Ver Mais

Arlindo Cruz, que faleceu aos 66 anos, será velado em uma cerimônia no formato de gurufim, costume tradicional nas despedidas de grandes sambistas. Nesse tipo de celebração, familiares, amigos e admiradores se reúnem para cantar e brindar, buscando aliviar a tristeza e garantir uma partida serena para o artista. A prática, carregada de simbolismo, tem raízes na cultura africana e foi trazida ao Brasil por pessoas escravizadas, tornando-se um marco de resistência e preservação cultural.

Ao longo da história, outros nomes importantes do samba, como Bira Presidente, Beth Carvalho e Sérgio Cabral, também tiveram velórios nesse formato. No entanto, durante o período mais crítico da pandemia de covid-19, o gurufim precisou ser interrompido devido às medidas de isolamento social. Nelson Sargento, por exemplo, não pôde receber a homenagem por conta das restrições impostas na época.

Para a despedida de Arlindo, a família fez um pedido especial: que todos compareçam usando roupas claras, como forma de representar a luz e a alegria que o cantor espalhou ao longo de sua vida. O velório acontece hoje, às 18h, e o sepultamento está marcado para domingo (10), às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade.

Legado no Império Serrano e homenagem no Carnaval

Arlindo Cruz não foi apenas um dos maiores nomes do samba brasileiro, mas também uma figura fundamental na história do Império Serrano. Sua ligação com a escola começou nos anos 1980, período em que se consolidou como compositor e responsável por 11 sambas-enredo que ajudaram a construir a identidade da agremiação.

O reconhecimento de sua importância ficou evidente nos últimos anos. Em 2023, o Império Serrano abriu o desfile de domingo de Carnaval com o enredo “Lugares de Arlindo”. O carro principal da apresentação trouxe uma grande escultura do artista usando coroa e tocando banjo, símbolo de sua trajetória e amor pelo gênero musical.

Na ocasião, Arlindo esteve presente como destaque do último carro alegórico. Sentado em sua cadeira de rodas, foi acompanhado pelo filho, Arlindinho, pela esposa, Babi Cruz, e por outros familiares. A emoção tomou conta do público, que o recebeu com aplausos calorosos, transformando o momento em um tributo à sua força, talento e relevância para o samba.

A despedida de Arlindo Cruz, marcada pelo gurufim, reafirma seu papel não apenas como músico, mas como guardião de tradições que atravessam gerações. Sua obra, sua história e a energia que transmitia permanecem vivas na memória coletiva do samba e de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e ouvi-lo.

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